segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O que é Quimbanda? (Parte três) Vertentes da Quimbanda

Conforme abordamos no texto anterior, embora a Quimbanda não seja um culto de codificação coletiva, e de interpretações em cima desta única codificação (como o que acontece em religiões cristãs por exemplo); a Quimbanda lida com Exus e Pombagiras por via de regra, e isso gera uma variação imensa de formas e métodos de se cultuar estes espíritos; e alguns adeptos e sacerdotes, ao ver estas diversas formas, não se conformam, e desejam possuir o melhor método de tocar este culto. Para isso, se valem de calúnias, difamações, e comentários sem conhecimento do culto alheio. 

E então, surgem as disputas, seja entre vertentes de Quimbanda ou de Kimbanda, entre adeptos de sistemas mágicos em geral que também usam exus e pombagiras, e adeptos das várias Umbandas e Encantarias. 


Como ficamos em meio a esse pé de guerra, informações conflitantes e métodos diferentes de fazer a mesma coisa? nós focamos nos aspectos generalistas! Os aspectos generalistas, tratam-se de entender quais os aspectos que se “repetem” na maioria das vertentes, sejam esses aspectos teóricos, ritualísticos, e de costumes regionais. 

Tal qual acontece em cultos ancestrais diferentes, existem coisas iguais ou equivalentes em vários cultos, coisas muito parecidas, onde se muda apenas a forma de se fazer tais coisas, mas com a mesma finalidade. 

Por exemplo: as Quimbandas Independentes, possuem: Culto a Eguns, Assentamentos diferenciados para entidades diferenciadas (entidade voltada ao amor/sexo, ao financeiro, a saúde, a defesa/ataque, a limpeza espiritual, etc).

Sabendo destes princípios, se alguém de alguma vertente, apresentar a você algo parecido com isso, e anunciar que a sua vertente é exclusiva naquele aspecto, desconfie! Provavelmente, buscando informações em outras vertentes, encontrará recursos semelhantes, direcionados a mesma finalidade. 

Se o método da vertente A será melhor que o método da vertente B, vai depender de uma série de coisas, como estudo minucioso, munido de conhecimento profundo de ambas as vertentes, e até mesmo a dedicação de cada pessoa naquele método de trabalho. Por isso, não entraremos em detalhes sobre esse impasse. 

O objetivo aqui, é mostrar que não devemos cair no engodo de sacerdotes, que tentam se impor, e sim procurar conhecer “sem compromisso” tais aspectos generalistas da Quimbanda. para depois, ter acesso aos métodos específicos, seja através da iniciação e prática, seja através de acertar com um Sacerdote de Quimbanda, um valor em dinheiro para receber este conhecimento.

Sim, o conhecimento confiável sobre uma vertente, está com os sacerdotes credenciados daquela Quimbanda! O Pai Google de aruanda e outras fontes, podem render desde informações desencontradas, fora do contexto, ou expostas erroneamente por opositores declarados.  Por isso, se quer algo com razoável procedência, é apenas com os Sacerdotes e Sacerdotes, na maioria das vezes, cobrarão por essa “Consultoria” sobre o culto que praticam.

Em minha experiência, sempre recomendo buscar o culto mais “homogêneo” possível, que tenha uma codificação fechada, ou próximo disso.  E sabe por que? 

Porque se tratando de tradição, e métodos seguros, confiáveis e com resultados no longo prazo; necessitam de um modus operandi que tenha durado um bom tempo! E feito por diversos adeptos! 
Citarei o exemplo dos sistemas mágicos: - Você confiaria sua vida, de imediato, em um sistema mágico criado agora? Talvez você até pudesse ter sucesso, porém, como “Rato de laboratório mágico”, estaria sujeito desde efeitos colaterais, até prejuízos irreparáveis, de difícil solução, ou de solução fora do seu alcance financeiro.  Com certeza o método mais seguro, seria algo praticado por muitos anos, e de eficiência já posta a prova e refinada. 

O mesmo se aplica a vertentes de Quimbanda que mudam a todo momento seus assentamentos, que são as representações físicas dos exus dentro do culto, ou de pessoas que, não respeitam uma codificação. Elas “incorporam”, e tudo o que a entidade fala, ela faz, inclusive mudanças no culto ao qual foram iniciadas, ou seja, a entidade “fala mais alto” do que a egrégora de quimbanda em questão! 

São práticas que não são seguras e não pense que porque você obteve resultados positivos em práticas que não seguem uma codificação consolidada, significa que aquele culto está aprovado.
Afinal, quem realmente pratica a magia, sabe que muitas vezes, como resultado de nossas práticas, podemos ganhar algo que tanto queremos, como também podemos perder algo que tanto gostamos, em contra-partida. Ficando no zero a zero.

Algumas vertentes de Quimbanda dão para si muitos anos de existência, algumas mais de 100 anos, outras 50, 70 anos… e outras menos de 10 anos.  Procure verificar “De onde saiu” essa vertente. 

- Saiu de outra vertente de Quimbanda? Ou foi codificada sem dissidência?
- Saiu de um adepto que resolveu incorporar seu Exu e criar sua Vertente?
- Saiu de um adepto que  sequer foi iniciado em uma Quimbanda Independente?
- Saiu de um adepto que sequer era sacerdote na vertente anterior?
- Esta vertente segue á risca uma codificação, ou a pessoa pode modificar tudo a qualquer tempo?
- Esta vertente idolatra a incorporação individual, acima das práticas coletivas de uma egrégora?
- Esta vertente possui tudo o que uma Quimbanda precisa, para ser considerada independente? 

Estas são apenas algumas questões, e o futuro adepto vai formular novas questões, pois uma questão, levanta outra, e assim por diante. É preciso que a Vertente seja realmente independente, para ser considerado um culto em separado, e não um culto atrelado a outro. 

Culto a Eguns, Sacrifícios, ritualística própria que garanta sua individualidade, Hierarquia particular e regras rígidas aplicáveis a todos os adeptos, são apenas alguns dos elementos que devem ser verificados antes de avaliar se determinada vertente realmente busca crescer como egrégora, ou se ela se aplica como um culto de codificação incerta, sem padrão. Onde cada um fará o que bem entender, e por consequência, não poderá ser cobrado por outros adeptos. 

E pra finalizar, vertentes de Quimbanda possuem nomes! Não existe vertente sem nome! Se uma vertente não possui uma forma própria de ser chamada, ela não é uma vertente, é um culto a Exu e Pombagira, que ficará fora de avaliação e não servirá de parâmetro. 

No próximo Texto, iremos falar sobre o Passo a Passo que um simpatizante deve seguir, caso deseje ser um Quimbandeiro. Até Lá! 

Luberoth 
Site: http://www.magoluberoth.com.br/


sábado, 15 de dezembro de 2018

Satanismo: prática mágica X filosofia de vida

De uma forma geral a esmagadora maioria que usa o satanismo como prática mágica o tem como filosofia de vida, mas nem todos que usam a filosofia do satanismo, conscientemente, devo ressaltar, praticam a magia do mesmo. Isso se dá porque muitos satanistas sequer acreditam em magia ou no diabo, tendo Satã como um simbolo a ser seguido, como um rebelde, um herói e alguns diriam o primeiro democrata. 

O Satanismo evoluiu muito desde a época de LaVey e essa árvore do conhecimento fixou suas raízes firmemente e gerou frutos, alguns proveitosos outros podres. 

Não serei eu a julgar a prática pessoal de cada um, satanismo é mais sobre o envolvimento com as energias mágicas naturais que nomeamos Satã do que um apanhado de regras e leis a serem seguidas a risca, mas tanto na filosofia quanto na prática mágica há norteadores que guiam o aprendiz de Satã ao caminho dos largos portões. 

A Filosofia Satânica:

Filosofia vem do grego Φιλοσοφία, philosophia, literalmente "amor pela sabedoria" e nesse sentido o real satanista tem uma inegável luxúria pela sabedoria, lapidando-a, aperfeiçoando-a e estendendo-a a âmbitos religiosos, sociais e políticos como um todo, mas não como um fanático religioso que deseja impor sua religião/filosofia a todos a sua volta em nome do "bem maior", mas sim para melhorar a sua vida pessoal e daqueles que lhes são caros. 

O Satanismo como dito anteriormente é uma árvore que possui muitos galhos e frutos variados. Não é surpresa que cada vertente do mesmo possua sua própria filosofia e modo de pensar; e cada satanista possua sua própria forma de enxergar Satã e o satanismo em si. Mas mesmo com essa pluralidade caótica e complementar, como eu disse antes, existem norteadores, alguns pontos em comum. 

O primeiro ponto é obviamente Satã, seja ele para o satanista uma alegoria Miltoniana ou uma veracidade Dantesca todos os satanistas possuem Satã como o guia ou arquétipo a ser seguido e isso meus caros não significa só a rebeldia de um adolescente na puberdade, mas sim independência e liberdade. Felizmente, ou infelizmente para alguns, essa liberdade vem com uma série de responsabilidades, já que uma vez liberto da ignorância e comodidade do jardim do éden, você torna-se unicamente o responsável por suas escolhas, não há um Deus ou um Diabo para culpar; você esta sozinho em uma selva perigosa e hostil, mas também maravilhosa e generosa, e isso é algo bom para o satanista que vê o mundo pelo que ele é sem se prender a ilusões utópicas inalcançáveis, ele descobre quem ele é e usa seu dom natural para manipular a natureza a seu favor e isso nos leva à segunda parte.

A Magia Satânica:

Diferente do que o leigo possa imaginar a magia no Satanismo não se trata apenas de ganhar poder mundano, dinheiro e sexo, claro que com ela você pode conseguir sexo e poder, mas uma das coisas mais importantes é conhecer e trabalhar de forma saudável com aquilo que Jung chamou convenientemente de Sombra. A Sombra não é só onde esta guardado nossos medos, traumas e demônios pessoais, é também onde está guardado nosso poder e fagulha satânica, é através dessa magia que o mago conhece a si mesmo e assim utiliza seu poder para modificar o mundo a sua volta a seu bel prazer da forma mais genuína possível. 

Existem incontáveis vertentes de magia intitulada satânica hoje no meio esotérico, mas falarei aqui sobre a Laveyana, embora seja a primeira religião propriamente dita satânica oficialmente e dela terem surgido muitos satanistas proeminentes da atualidade, ela por si só é incompleta e embora seja uma boa porta de entrada para esse delicioso inferno, aconselho que o leitor interessado não se prenda a esta corrente e não veja nela nada além de um degrau na sua descida ao abismo. 

Na Bíblia Satânica de LaVey, um dos pilares da Church of Satan, vemos que ela é subdividida em 4 livros menores representados pelos 4 príncipes do inferno segundo esta corrente. São eles Satã, Lúcifer, Belial e Leviatã respectivamente. E é no livro de Belial que vemos os fundamentos da magia Satânica da Church of Satan, nesta parte vemos três rituais principais para a satisfação do mago negro, são eles o ritual de compaixão, o ritual da luxúria e o ritual de destruição. 

O Ritual da Compaixão é destinado à conseguir através da magia bens materiais, favores ou qualquer coisa que beneficie o mago, algo que ele deseja muito, mas ainda não conseguiu por vias normais. Aqui o praticante pode não só beneficiar a si mesmo como também alguém que queira muito ajudar.

O Ritual da luxúria dá ao mago poder para atrair e conquistar um tipo de pessoa (ou uma pessoa específica) através da sexualidade, para ambos se satisfazerem nos prazeres da carne.

O Ritual de Destruição, como o nome sugere, sacrifica alguém através de um psicodrama ritualístico cheio de maldições e ameaças que tem o propósito de enviar energias destrutivas ao alvo, geralmente alguém merecedor desse destino, posto que este ritual deve ser feito apenas em última instância (Obs: antes esse ritual era tradicionalmente lançado no dia das bruxas).

É também visto no livro de Belial os pilares de funcionamento dessa magia. 
São eles: Desejo, Tempo, Direcionamento, Imagem, Fator Equilíbrio. 

Desejo: Um dos mais importantes, desde que para fazer qualquer feitiço o mago precisa querer conseguir algo com aquilo, desejo é o que da poder e energia à sua magia assim como a direciona.

Tempo: O fator mais vilipendiado, um erro muito comum, mas aqui é quando será feito o ritual, para isso é bom conhecer a rotina do alvo se possuir um, já que somos mais propensos a influências externas quando estamos dormindo.

Imagem: A imagem é a base material do ritual: fotos, desenhos, textos descritivos expressando seus sentimentos, tudo isso para direcionar e intensificar o ritual. 

Direcionamento: O feitiço bem direcionado é aquele que não precisa ser refeito várias vezes; durante o ritual o mago deve expor todos os seus sentimentos referentes ao desejo de forma gritante, o envolvimento deve ser absoluto e o mesmo não pode agir racionalmente já que dentro do ritual tudo é possível, por isso durante o ritual não deseje que seu futuro amante apenas te ame, mas que ele te deseje de corpo e alma, goze intensamente nessa emoção. Você deve sair satisfeito do ritual com a convicção de que tudo já deu certo.

Fator Equilíbrio: Um dos mais vilipendiados e o mais importante depois do fator desejo, aqui o praticante deve levar em consideração trabalhar em conjunto com as forças naturais e não contra elas para conseguir algum resultado. Uma mulher que anseia por um homem específico, sendo ele gay, terá muito mais alegria e resultados se resolver mudar de alvo e atrair outro homem com as mesmas características, mas heterossexual. Um homem que faz um ritual de compaixão para ganhar na loteria deveria ter consciência de que a probabilidade desse mesmo homem ser canonizado ou mesmo ser atingido pela peça de um avião caindo é maior do que acertar as seis dezenas da Mega-Sena. Por isso, se deseja algo muito difícil, crie metas e objetivos menores para atingi-la com eficácia e obter resultados palpáveis.

De uma forma geral não há diferença entre Magia Satânica e Filosofia Satânica, são faces da mesma moeda, galhos da mesma árvore, ambas se relacionam ativamente com a energia de Satã para proporcionar uma evolução mental, física e espiritual para o satanista. 

Texto de Leon Blackwood
Instagram: @leon_witchdoctor

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