Estamos no Brasil, lugar de diáspora religiosa como todos sabem, e onde existe
diáspora, existem vertentes religiosas bem semelhantes, ou bem diferentes; mas
que existem em caráter individual, e que não aceitam serem relacionadas como
sendo “tudo igual, ou tudo a mesma coisa”.
É o que acontece por exemplo, no caso de quem mora no Mato Grosso, e quem mora
no Mato Grosso do Sul. Eles gostam de serem tratados de forma diferente, se você confundir, provavelmente
vão zangar! Rs
Nordeste é a mesma coisa, possui 09 estados. Mas se você chamar um Nordestino
de “Baiano” ou “Paraíba” se ele não é deste estado, provavelmente ele também
não vai gostar.
No texto anterior, mencionamos que os Espíritos que respondem pelo nome de Exú
e Pombagira, NÃO PERTENCEM a nenhuma religião afro-brasileira, pois se assim o
fosse, eles não se manifestariam em várias religiões diferentes.
Mas não satisfeitos, e no desejo religioso de tentar descreditar seus
“concorrentes”, muitas lideranças, e formadores de opinião na escrita e na mídia
virtual, tentam trazer para si, uma espécie de “autoridade”, “Selo de
legitimidade” para seus exús, e desmerecer e descreditar os demais que não
fazem parte da sua vertente religiosa.
Isso acontece bastante na Umbanda, mais especificamente na umbanda mais popular
do brasil, que tem suas raízes no estado de São Paulo. Devido crenças maniqueístas, e inspirações do
mundo espiritual sob o molde espírita, acabam que os Exus que nestas vertentes
se manifestam, se comportam de forma condizente a toda aquela cosmogonia
inspirada em valores católicos/espíritas kardecistas.
Não satisfeitos, muitas destas lideranças e formadores de opinião, não se
contentam em apenas praticar aquilo que acreditam, mas querem “ditar” que o que
fazem é o correto, e que os demais espíritos que respondem pelo arquétipo de
exu, mas que estão fora das suas vertentes… não passam de espíritos atrasados,
errados, e em alguns casos, até mesmo os chamam de farsantes, e outros termos
pejorativos.
A tática é muito simples: - “Falo mal da concorrência, e automaticamente,
estarei falando bem de mim, de forma indireta”.
A Umbanda como um todo, também utiliza a expressão “Quimbanda”, porém não da
mesma forma como se usam os Quimbandeiros Independentes, mas sim como uma
referência ao trabalho com Exus dentro da doutrina de Umbanda. E não há nada de
errado nisso, uma vez que se Exú não pertence a nenhum culto, o “nome” do seu
culto, também não pertence a nenhuma vertente.
É certo porém, que o Termo “Quimbanda” se refere ao culto ou práticas ritualísticas,
com Exús e pombagiras, onde quer que seja.
No livro “O Segredo da Macumba”, de 1972, o Francês George Lapassade e o
Brasileiro Marco Aurélio Luz, em suas pesquisas e teses sobre a religião afro
brasileira, mencionaram o termo “Quimbanda Pura”, como sendo a nomenclatura
usada a quem lidava exclusivamente apenas com Exu e Pombagira, sem interação
com outros cultos.
No documentário “Exú Mangueira” de 1975, gravado na Favela da Rocinha, também
foi mencionado isso, de que o “Quimbandeiro mesmo, é aquele que só mexe com exú
e pombagira”.
De forma que, o culto particular apenas a Exú e Pombagira, chamado de
“Quimbanda”, era por vezes chamado apenas de “Quimbanda” mesmo, podendo ser
confundido com o culto a Exú dentro de outras vertentes, como a “Esquerda da
Umbanda” por exemplo.
Em 2015, eu cunhei o termo “Quimbanda Dependente” e “Quimbanda Independente”
para que ficasse mais claro, de fácil compreensão, para as pessoas entenderem
que não eram a mesma coisa.
E já que estamos falando em “Confusão”, o que seria então a “Kimbanda”?
Bom, a “Kimbanda” é praticamente a mesma coisa que a Quimbanda, no sentido que
ela também é um Culto a Exú e Pombagira, tal qual também é o Cotimbó.
Mas vale ressaltar, que aqui estamos lidando com vertentes diferentes,
ritualísticas diferentes, codificação e tradição diferentes. Sendo assim, não
podemos esperar algo homogêneo, e sim algo diversificado; porém, pode mudar a
“Receita”, os objetivos serão sempre os mesmos, e coisas diferentes seguirão
equivalendo a mesma coisa.
A Kimbanda, tem por objetivo ter e manter, fundamentos mais africanos, e menos
fundamentos com a diáspora. Ela norteia muito de sua doutrina na cultura
Banto-Angola, e tenta ao máximo olhar mais para a África, do que para o Brasil.
Ela deve SEMPRE ser olhada em separado, porque existem diversas vertentes de
“Quimbanda” (mais voltado a diáspora brasileira) e existem diversas vertentes
de “Kimbanda” (Mais voltada a fundamentos africanos).
Ambas não se misturam em teoria. Mas ambas cultuam Exu e Pombagira.
Aliás, muitos “Kimbandeiros” também sofrem do mesmo mal que muitos umbandistas
tem, que é o de rotular e tentar tornar para eles próprios, os “direitos” de
cultuar os Exús e Pombagiras, e desmerecer a Quimbanda, que é mais
“Brasileira”.
Tal disputa é totalmente inútil, cada um sabe de sua tradição, e nenhum
opositor tem força ou poder de interromper evolução e progresso de nenhum
culto.
Só os adeptos, são capazes de fazer nascer, ou fazer morrer um culto. As
pessoas externas, opositores em geral, são apenas vozes reclamantes, e mais
nada.
No próximo texto daremos continuidade ao assunto vertentes de Quimbanda… até
lá!
Luberoth
Contato: www.magoluberoth.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário