segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O que é Quimbanda? (Parte três) Vertentes da Quimbanda

Conforme abordamos no texto anterior, embora a Quimbanda não seja um culto de codificação coletiva, e de interpretações em cima desta única codificação (como o que acontece em religiões cristãs por exemplo); a Quimbanda lida com Exus e Pombagiras por via de regra, e isso gera uma variação imensa de formas e métodos de se cultuar estes espíritos; e alguns adeptos e sacerdotes, ao ver estas diversas formas, não se conformam, e desejam possuir o melhor método de tocar este culto. Para isso, se valem de calúnias, difamações, e comentários sem conhecimento do culto alheio. 

E então, surgem as disputas, seja entre vertentes de Quimbanda ou de Kimbanda, entre adeptos de sistemas mágicos em geral que também usam exus e pombagiras, e adeptos das várias Umbandas e Encantarias. 


Como ficamos em meio a esse pé de guerra, informações conflitantes e métodos diferentes de fazer a mesma coisa? nós focamos nos aspectos generalistas! Os aspectos generalistas, tratam-se de entender quais os aspectos que se “repetem” na maioria das vertentes, sejam esses aspectos teóricos, ritualísticos, e de costumes regionais. 

Tal qual acontece em cultos ancestrais diferentes, existem coisas iguais ou equivalentes em vários cultos, coisas muito parecidas, onde se muda apenas a forma de se fazer tais coisas, mas com a mesma finalidade. 

Por exemplo: as Quimbandas Independentes, possuem: Culto a Eguns, Assentamentos diferenciados para entidades diferenciadas (entidade voltada ao amor/sexo, ao financeiro, a saúde, a defesa/ataque, a limpeza espiritual, etc).

Sabendo destes princípios, se alguém de alguma vertente, apresentar a você algo parecido com isso, e anunciar que a sua vertente é exclusiva naquele aspecto, desconfie! Provavelmente, buscando informações em outras vertentes, encontrará recursos semelhantes, direcionados a mesma finalidade. 

Se o método da vertente A será melhor que o método da vertente B, vai depender de uma série de coisas, como estudo minucioso, munido de conhecimento profundo de ambas as vertentes, e até mesmo a dedicação de cada pessoa naquele método de trabalho. Por isso, não entraremos em detalhes sobre esse impasse. 

O objetivo aqui, é mostrar que não devemos cair no engodo de sacerdotes, que tentam se impor, e sim procurar conhecer “sem compromisso” tais aspectos generalistas da Quimbanda. para depois, ter acesso aos métodos específicos, seja através da iniciação e prática, seja através de acertar com um Sacerdote de Quimbanda, um valor em dinheiro para receber este conhecimento.

Sim, o conhecimento confiável sobre uma vertente, está com os sacerdotes credenciados daquela Quimbanda! O Pai Google de aruanda e outras fontes, podem render desde informações desencontradas, fora do contexto, ou expostas erroneamente por opositores declarados.  Por isso, se quer algo com razoável procedência, é apenas com os Sacerdotes e Sacerdotes, na maioria das vezes, cobrarão por essa “Consultoria” sobre o culto que praticam.

Em minha experiência, sempre recomendo buscar o culto mais “homogêneo” possível, que tenha uma codificação fechada, ou próximo disso.  E sabe por que? 

Porque se tratando de tradição, e métodos seguros, confiáveis e com resultados no longo prazo; necessitam de um modus operandi que tenha durado um bom tempo! E feito por diversos adeptos! 
Citarei o exemplo dos sistemas mágicos: - Você confiaria sua vida, de imediato, em um sistema mágico criado agora? Talvez você até pudesse ter sucesso, porém, como “Rato de laboratório mágico”, estaria sujeito desde efeitos colaterais, até prejuízos irreparáveis, de difícil solução, ou de solução fora do seu alcance financeiro.  Com certeza o método mais seguro, seria algo praticado por muitos anos, e de eficiência já posta a prova e refinada. 

O mesmo se aplica a vertentes de Quimbanda que mudam a todo momento seus assentamentos, que são as representações físicas dos exus dentro do culto, ou de pessoas que, não respeitam uma codificação. Elas “incorporam”, e tudo o que a entidade fala, ela faz, inclusive mudanças no culto ao qual foram iniciadas, ou seja, a entidade “fala mais alto” do que a egrégora de quimbanda em questão! 

São práticas que não são seguras e não pense que porque você obteve resultados positivos em práticas que não seguem uma codificação consolidada, significa que aquele culto está aprovado.
Afinal, quem realmente pratica a magia, sabe que muitas vezes, como resultado de nossas práticas, podemos ganhar algo que tanto queremos, como também podemos perder algo que tanto gostamos, em contra-partida. Ficando no zero a zero.

Algumas vertentes de Quimbanda dão para si muitos anos de existência, algumas mais de 100 anos, outras 50, 70 anos… e outras menos de 10 anos.  Procure verificar “De onde saiu” essa vertente. 

- Saiu de outra vertente de Quimbanda? Ou foi codificada sem dissidência?
- Saiu de um adepto que resolveu incorporar seu Exu e criar sua Vertente?
- Saiu de um adepto que  sequer foi iniciado em uma Quimbanda Independente?
- Saiu de um adepto que sequer era sacerdote na vertente anterior?
- Esta vertente segue á risca uma codificação, ou a pessoa pode modificar tudo a qualquer tempo?
- Esta vertente idolatra a incorporação individual, acima das práticas coletivas de uma egrégora?
- Esta vertente possui tudo o que uma Quimbanda precisa, para ser considerada independente? 

Estas são apenas algumas questões, e o futuro adepto vai formular novas questões, pois uma questão, levanta outra, e assim por diante. É preciso que a Vertente seja realmente independente, para ser considerado um culto em separado, e não um culto atrelado a outro. 

Culto a Eguns, Sacrifícios, ritualística própria que garanta sua individualidade, Hierarquia particular e regras rígidas aplicáveis a todos os adeptos, são apenas alguns dos elementos que devem ser verificados antes de avaliar se determinada vertente realmente busca crescer como egrégora, ou se ela se aplica como um culto de codificação incerta, sem padrão. Onde cada um fará o que bem entender, e por consequência, não poderá ser cobrado por outros adeptos. 

E pra finalizar, vertentes de Quimbanda possuem nomes! Não existe vertente sem nome! Se uma vertente não possui uma forma própria de ser chamada, ela não é uma vertente, é um culto a Exu e Pombagira, que ficará fora de avaliação e não servirá de parâmetro. 

No próximo Texto, iremos falar sobre o Passo a Passo que um simpatizante deve seguir, caso deseje ser um Quimbandeiro. Até Lá! 

Luberoth 
Site: http://www.magoluberoth.com.br/


sábado, 15 de dezembro de 2018

Satanismo: prática mágica X filosofia de vida

De uma forma geral a esmagadora maioria que usa o satanismo como prática mágica o tem como filosofia de vida, mas nem todos que usam a filosofia do satanismo, conscientemente, devo ressaltar, praticam a magia do mesmo. Isso se dá porque muitos satanistas sequer acreditam em magia ou no diabo, tendo Satã como um simbolo a ser seguido, como um rebelde, um herói e alguns diriam o primeiro democrata. 

O Satanismo evoluiu muito desde a época de LaVey e essa árvore do conhecimento fixou suas raízes firmemente e gerou frutos, alguns proveitosos outros podres. 

Não serei eu a julgar a prática pessoal de cada um, satanismo é mais sobre o envolvimento com as energias mágicas naturais que nomeamos Satã do que um apanhado de regras e leis a serem seguidas a risca, mas tanto na filosofia quanto na prática mágica há norteadores que guiam o aprendiz de Satã ao caminho dos largos portões. 

A Filosofia Satânica:

Filosofia vem do grego Φιλοσοφία, philosophia, literalmente "amor pela sabedoria" e nesse sentido o real satanista tem uma inegável luxúria pela sabedoria, lapidando-a, aperfeiçoando-a e estendendo-a a âmbitos religiosos, sociais e políticos como um todo, mas não como um fanático religioso que deseja impor sua religião/filosofia a todos a sua volta em nome do "bem maior", mas sim para melhorar a sua vida pessoal e daqueles que lhes são caros. 

O Satanismo como dito anteriormente é uma árvore que possui muitos galhos e frutos variados. Não é surpresa que cada vertente do mesmo possua sua própria filosofia e modo de pensar; e cada satanista possua sua própria forma de enxergar Satã e o satanismo em si. Mas mesmo com essa pluralidade caótica e complementar, como eu disse antes, existem norteadores, alguns pontos em comum. 

O primeiro ponto é obviamente Satã, seja ele para o satanista uma alegoria Miltoniana ou uma veracidade Dantesca todos os satanistas possuem Satã como o guia ou arquétipo a ser seguido e isso meus caros não significa só a rebeldia de um adolescente na puberdade, mas sim independência e liberdade. Felizmente, ou infelizmente para alguns, essa liberdade vem com uma série de responsabilidades, já que uma vez liberto da ignorância e comodidade do jardim do éden, você torna-se unicamente o responsável por suas escolhas, não há um Deus ou um Diabo para culpar; você esta sozinho em uma selva perigosa e hostil, mas também maravilhosa e generosa, e isso é algo bom para o satanista que vê o mundo pelo que ele é sem se prender a ilusões utópicas inalcançáveis, ele descobre quem ele é e usa seu dom natural para manipular a natureza a seu favor e isso nos leva à segunda parte.

A Magia Satânica:

Diferente do que o leigo possa imaginar a magia no Satanismo não se trata apenas de ganhar poder mundano, dinheiro e sexo, claro que com ela você pode conseguir sexo e poder, mas uma das coisas mais importantes é conhecer e trabalhar de forma saudável com aquilo que Jung chamou convenientemente de Sombra. A Sombra não é só onde esta guardado nossos medos, traumas e demônios pessoais, é também onde está guardado nosso poder e fagulha satânica, é através dessa magia que o mago conhece a si mesmo e assim utiliza seu poder para modificar o mundo a sua volta a seu bel prazer da forma mais genuína possível. 

Existem incontáveis vertentes de magia intitulada satânica hoje no meio esotérico, mas falarei aqui sobre a Laveyana, embora seja a primeira religião propriamente dita satânica oficialmente e dela terem surgido muitos satanistas proeminentes da atualidade, ela por si só é incompleta e embora seja uma boa porta de entrada para esse delicioso inferno, aconselho que o leitor interessado não se prenda a esta corrente e não veja nela nada além de um degrau na sua descida ao abismo. 

Na Bíblia Satânica de LaVey, um dos pilares da Church of Satan, vemos que ela é subdividida em 4 livros menores representados pelos 4 príncipes do inferno segundo esta corrente. São eles Satã, Lúcifer, Belial e Leviatã respectivamente. E é no livro de Belial que vemos os fundamentos da magia Satânica da Church of Satan, nesta parte vemos três rituais principais para a satisfação do mago negro, são eles o ritual de compaixão, o ritual da luxúria e o ritual de destruição. 

O Ritual da Compaixão é destinado à conseguir através da magia bens materiais, favores ou qualquer coisa que beneficie o mago, algo que ele deseja muito, mas ainda não conseguiu por vias normais. Aqui o praticante pode não só beneficiar a si mesmo como também alguém que queira muito ajudar.

O Ritual da luxúria dá ao mago poder para atrair e conquistar um tipo de pessoa (ou uma pessoa específica) através da sexualidade, para ambos se satisfazerem nos prazeres da carne.

O Ritual de Destruição, como o nome sugere, sacrifica alguém através de um psicodrama ritualístico cheio de maldições e ameaças que tem o propósito de enviar energias destrutivas ao alvo, geralmente alguém merecedor desse destino, posto que este ritual deve ser feito apenas em última instância (Obs: antes esse ritual era tradicionalmente lançado no dia das bruxas).

É também visto no livro de Belial os pilares de funcionamento dessa magia. 
São eles: Desejo, Tempo, Direcionamento, Imagem, Fator Equilíbrio. 

Desejo: Um dos mais importantes, desde que para fazer qualquer feitiço o mago precisa querer conseguir algo com aquilo, desejo é o que da poder e energia à sua magia assim como a direciona.

Tempo: O fator mais vilipendiado, um erro muito comum, mas aqui é quando será feito o ritual, para isso é bom conhecer a rotina do alvo se possuir um, já que somos mais propensos a influências externas quando estamos dormindo.

Imagem: A imagem é a base material do ritual: fotos, desenhos, textos descritivos expressando seus sentimentos, tudo isso para direcionar e intensificar o ritual. 

Direcionamento: O feitiço bem direcionado é aquele que não precisa ser refeito várias vezes; durante o ritual o mago deve expor todos os seus sentimentos referentes ao desejo de forma gritante, o envolvimento deve ser absoluto e o mesmo não pode agir racionalmente já que dentro do ritual tudo é possível, por isso durante o ritual não deseje que seu futuro amante apenas te ame, mas que ele te deseje de corpo e alma, goze intensamente nessa emoção. Você deve sair satisfeito do ritual com a convicção de que tudo já deu certo.

Fator Equilíbrio: Um dos mais vilipendiados e o mais importante depois do fator desejo, aqui o praticante deve levar em consideração trabalhar em conjunto com as forças naturais e não contra elas para conseguir algum resultado. Uma mulher que anseia por um homem específico, sendo ele gay, terá muito mais alegria e resultados se resolver mudar de alvo e atrair outro homem com as mesmas características, mas heterossexual. Um homem que faz um ritual de compaixão para ganhar na loteria deveria ter consciência de que a probabilidade desse mesmo homem ser canonizado ou mesmo ser atingido pela peça de um avião caindo é maior do que acertar as seis dezenas da Mega-Sena. Por isso, se deseja algo muito difícil, crie metas e objetivos menores para atingi-la com eficácia e obter resultados palpáveis.

De uma forma geral não há diferença entre Magia Satânica e Filosofia Satânica, são faces da mesma moeda, galhos da mesma árvore, ambas se relacionam ativamente com a energia de Satã para proporcionar uma evolução mental, física e espiritual para o satanista. 

Texto de Leon Blackwood
Instagram: @leon_witchdoctor

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

O que é a Quimbanda? (Parte dois) Vertentes de Quimbanda


Estamos no Brasil, lugar de diáspora religiosa como todos sabem, e onde existe diáspora, existem vertentes religiosas bem semelhantes, ou bem diferentes; mas que existem em caráter individual, e que não aceitam serem relacionadas como sendo “tudo igual, ou tudo a mesma coisa”.


É o que acontece por exemplo, no caso de quem mora no Mato Grosso, e quem mora no Mato Grosso do Sul. Eles gostam de serem tratados de forma diferente, se você confundir, provavelmente vão zangar! Rs
Nordeste é a mesma coisa, possui 09 estados. Mas se você chamar um Nordestino de “Baiano” ou “Paraíba” se ele não é deste estado, provavelmente ele também não vai gostar.

A questão das vertentes, vai muito além disso, estamos falando aqui de “Codificações”, que nada mais é do que o passo a passo ritualístico, regras, preceitos e filosofia de culto particular.

No texto anterior, mencionamos que os Espíritos que respondem pelo nome de Exú e Pombagira, NÃO PERTENCEM a nenhuma religião afro-brasileira, pois se assim o fosse, eles não se manifestariam em várias religiões diferentes.

Mas não satisfeitos, e no desejo religioso de tentar descreditar seus “concorrentes”, muitas lideranças, e formadores de opinião na escrita e na mídia virtual, tentam trazer para si, uma espécie de “autoridade”, “Selo de legitimidade” para seus exús, e desmerecer e descreditar os demais que não fazem parte da sua vertente religiosa.

Isso acontece bastante na Umbanda, mais especificamente na umbanda mais popular do brasil, que tem suas raízes no estado de São Paulo.  Devido crenças maniqueístas, e inspirações do mundo espiritual sob o molde espírita, acabam que os Exus que nestas vertentes se manifestam, se comportam de forma condizente a toda aquela cosmogonia inspirada em valores católicos/espíritas kardecistas.

Não satisfeitos, muitas destas lideranças e formadores de opinião, não se contentam em apenas praticar aquilo que acreditam, mas querem “ditar” que o que fazem é o correto, e que os demais espíritos que respondem pelo arquétipo de exu, mas que estão fora das suas vertentes… não passam de espíritos atrasados, errados, e em alguns casos, até mesmo os chamam de farsantes, e outros termos pejorativos.

A tática é muito simples: - “Falo mal da concorrência, e automaticamente, estarei falando bem de mim, de forma indireta”.

A Umbanda como um todo, também utiliza a expressão “Quimbanda”, porém não da mesma forma como se usam os Quimbandeiros Independentes, mas sim como uma referência ao trabalho com Exus dentro da doutrina de Umbanda. E não há nada de errado nisso, uma vez que se Exú não pertence a nenhum culto, o “nome” do seu culto, também não pertence a nenhuma vertente.

É certo porém, que o Termo “Quimbanda” se refere ao culto ou práticas ritualísticas, com Exús e pombagiras, onde quer que seja.

No livro “O Segredo da Macumba”, de 1972, o Francês George Lapassade e o Brasileiro Marco Aurélio Luz, em suas pesquisas e teses sobre a religião afro brasileira, mencionaram o termo “Quimbanda Pura”, como sendo a nomenclatura usada a quem lidava exclusivamente apenas com Exu e Pombagira, sem interação com outros cultos.

No documentário “Exú Mangueira” de 1975, gravado na Favela da Rocinha, também foi mencionado isso, de que o “Quimbandeiro mesmo, é aquele que só mexe com exú e pombagira”.

De forma que, o culto particular apenas a Exú e Pombagira, chamado de “Quimbanda”, era por vezes chamado apenas de “Quimbanda” mesmo, podendo ser confundido com o culto a Exú dentro de outras vertentes, como a “Esquerda da Umbanda” por exemplo.

Em 2015, eu cunhei o termo “Quimbanda Dependente” e “Quimbanda Independente” para que ficasse mais claro, de fácil compreensão, para as pessoas entenderem que não eram a mesma coisa.

E já que estamos falando em “Confusão”, o que seria então a “Kimbanda”?

Bom, a “Kimbanda” é praticamente a mesma coisa que a Quimbanda, no sentido que ela também é um Culto a Exú e Pombagira, tal qual também é o Cotimbó.

Mas vale ressaltar, que aqui estamos lidando com vertentes diferentes, ritualísticas diferentes, codificação e tradição diferentes. Sendo assim, não podemos esperar algo homogêneo, e sim algo diversificado; porém, pode mudar a “Receita”, os objetivos serão sempre os mesmos, e coisas diferentes seguirão equivalendo a mesma coisa.

A Kimbanda, tem por objetivo ter e manter, fundamentos mais africanos, e menos fundamentos com a diáspora. Ela norteia muito de sua doutrina na cultura Banto-Angola, e tenta ao máximo olhar mais para a África, do que para o Brasil.

Ela deve SEMPRE ser olhada em separado, porque existem diversas vertentes de “Quimbanda” (mais voltado a diáspora brasileira) e existem diversas vertentes de “Kimbanda” (Mais voltada a fundamentos africanos).

Ambas não se misturam em teoria. Mas ambas cultuam Exu e Pombagira.

Aliás, muitos “Kimbandeiros” também sofrem do mesmo mal que muitos umbandistas tem, que é o de rotular e tentar tornar para eles próprios, os “direitos” de cultuar os Exús e Pombagiras, e desmerecer a Quimbanda, que é mais “Brasileira”.

Tal disputa é totalmente inútil, cada um sabe de sua tradição, e nenhum opositor tem força ou poder de interromper evolução e progresso de nenhum culto.
Só os adeptos, são capazes de fazer nascer, ou fazer morrer um culto. As pessoas externas, opositores em geral, são apenas vozes reclamantes, e mais nada.


No próximo texto daremos continuidade ao assunto vertentes de Quimbanda… até lá!


Luberoth 

Contato: www.magoluberoth.com.br


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O que é Quimbanda? (Parte um)


No brasil, este é um dos cultos mais populares do caminho da mão esquerda. Muito valorizado na nossa diáspora e também razão de muita discórdia nas RAB (Religiões Afro-Brasileiras). 

Isto porque, tal qual acontece em religiões fruto da diáspora, muitos querem deter o controle e o monopólio religioso desta entidade, para se colocarem como baluartes do fundamento, da verdade, da doutrina, de um culto que naturalmente não possui codificação escrita universal, e menos ainda possui alguma ligação de exclusividade com algum culto afro-brasileiro, embora tenha uma relação muito próxima com muitos. 

Mas, como a Quimbanda surgiu? 

Entendemos a "Quimbanda", como sendo o culto a Exú e Pombagira e antes de falarmos sobre o culto em si, falaremos brevemente sobre quem é: Exú e Pombagira

Exú e Pombagira são espíritos humanos, pertencentes a nossa Ancestralidade Coletiva. Na nossa diáspora, eles são "Representantes do Arquétipo do Orixá Exú", que é uma divindade. 

Tudo aquilo que a Divindade Exú Representa, em suas características, os Espíritos Humanos seguem a mesma dinâmica. Obviamente que não necessariamente, isso vai significar que a divindade estará por trás destes espíritos humanos; mas a divindade é a ideia primária que norteia a atuação destes espíritos. 

Existem muitas versões sobre a origem destes espíritos e aqui não irei me estender sobre diferentes visões, e sim sobre a visão que acredito e que também pode ser o mesmo ponto de vista de outras pessoas. 

Sobre a Origem dos Espíritos Humanos chamados de Exu e Pombagira, a questão envolve ancestralidade coletiva brasileira, representando aspectos de nossa miscigenação e também aspectos sociais e culturais deste nosso país continental.  Sendo assim, acredita-se que durante um tempo,  os cultos afro-brasileiros marginalizados eram algo quase que restrito aos escravos, existindo os Transes e incorporações que aconteciam nos chamados cultos menores, que eram cultos mais pequenos, de codificação volúvel e curta e onde se evocava uma ancestralidade mais familiar e parental dos envolvidos ali. 

A medida que o tempo foi passando e mais pessoas foram adentrando e mostrando interesse, estes cultos passaram a se moldar e aos poucos deixando seus fundamentos mais e mais complexos.  Isso pôs fim aos espíritos familiares, que foram reduzindo sua manifestação, e novos espíritos de nomes Arquetípicos passaram a se manifestar em nome da Ancestralidade Coletiva. Várias classes de espíritos se manifestavam, e os espíritos chamados Exús e Pombagiras começaram aí sua trajetória na diáspora brasileira. 

Vários cultos foram com o tempo tomando forma, se credenciando como fundamentos sérios, como a Umbanda, algumas casas de Candomblé que tinham um culto cruzado, cultuando orixás e espíritos humanos, as Encantarias também absorveram Exu, e também posteriormente o Cotimbó e a Quimbanda Independente (em suas diversas vertentes). 

Exú  nunca foi propriedade de nenhum outro culto, ele sempre foi de quem quisesse ter ao seu lado a sua energia, e o tratasse com o mínimo de respeito e consideração. 

Exú é uma energia Masculina, enquanto Pombagira é uma energia feminina. 

Falamos mais acima que Exú representa o Orixá Exú, sua atuação, como também aspectos humanos da nossa sociedade, além de aspectos regionais e culturais adaptáveis de época em época. 

Pombogira, também chamada de Pombagira ou Bombogira, é a contraparte feminina de ExúEm alguns cultos, também é chamada de Exú Mulher. Pombagira é um Exú, ela representa tudo aquilo que Exú Representa em sua totalidade, mas seu nome Pombagira é uma corruptela da Língua Banto, do povo de angola, que faz referência a uma de suas divindades. 

Não existe superioridade entre um Exú e Pombagira, ambos, força masculina e feminina, possuem a mesma força, sendo a hierarquia definida conforme as doutrinas e fundamentos de cada terreiro ou local onde são cultuados. 

A Quimbanda em si, pode ser muita coisa. Desde um método de trabalho, uma ferramenta inserida em um culto, que é o que chamamos de Quimbanda Dependente; como também ser o Culto Principal de alguém, com uma codificação vasta, e muito fundamento ritualístico; é o que chamamos de Quimbanda Independente. 

No próximo texto, falarei um pouco mais sobre As vertentes de Quimbanda, em uma breve história de como elas surgiram, e suas particularidades. 

Até lá

Luberoth 

Contato: www.magoluberoth.com.br


segunda-feira, 30 de abril de 2018

Cabalá do Corpo Humano - Morfosquicologia, Ciência e Espiritualidade (Parte Três)


Introdução - Os nossos Ancestrais, costumavam chamar a Ciência de Chochmah (Sabedoria) e não existia uma distinção, entre Ciência Natural (Chochmat ha-Toledet) e Espiritualidade ou Religião. A filosofia, matemática (aritmética e geometria), astronomia e astrologia e a morfosquicologia, sempre fizeram parte da sabedoria e entendimento espiritual e religioso dos povos Ancestrais.

A Astronomia (Chachmat ha-Kochavim), Astrologia (Chochmat ha-Mazalot) e o uso da Ciência Natural (Chochmat ha-Toledet), a Sabedoria das Formas (Chochmat ha-Tsurot) "geometria sagrada" e a Chochmat haGuf Berieh (Sabedoria do Corpo Humano) "morfosquicologia", tinham os seus Sábios (Hachamim) entre os nossos ancestrais. A Ciência Natural (Chochmat ha-Toledet) ainda é a base para o conhecimento da vida humana e da criação. Todas estas Ciências, estão presentes ainda hoje, no dia-a-dia de um Qabalista (Mequbaliem) ou Magista.

Chochmah veBinat haGuf Berieh - A Sabedoria e o Entendimento do Corpo Humano.

Um Qabalista, procura sempre desenvolver a sua habilidade de Ver (compreender com os cinco sentidos: tato, olfato, visão, paladar, audição, para apreciar a possibilidade das qualidades fisicas, mentais (psicologica) e espirituais do Corpo Humano (Guf Berieh), como parte de sua evolução humana e de sua espiritualidade. Em tudo temos um aspecto material e um aspecto espiritual e o Qabalista sabe bem disso. 

O Sefer haZohar (Livro do Esplhendor), nos ensina em seus Tiquniem (Correções) que há dez aspectos da "correção" ou dez centros de energéticos no corpo humano, que devemos aprender a realizar um equilibrio (Tiferet). Em todas estas partes, contem escritas informações, que nos possibilita ler e conhecer as caracteristicas fisicas, psicologicas e espirituais de uma pessoa:

1. Cabelo, 2. Testa, 3. Orelhas, 4. Rosto-Face, 5. Olhos, 6. Nariz, 7. Boca, 8. Pescoço, 9. Mãos, 10. Corpo.

As seguintes caracteristicas devem ser percebidas, sabidas e entendidas em nosso proprio corpo e nos demais:

1. Cabelo: cores, comprimento, densidade e cachos; 
2. Testa: comprimento, largura, dobras e linhas;
3. Orelhas: forma, posição, cabelo nas orelhas;
4. Rosto ou Face (Panim, em Aramaico que significa "interior". O rosto de uma pessoa revela tudo sobre sua energia interior e as forças motrizes em sua vida: forma, traços, linhas, simbolos e sinais;
5. Olhos: cor, tamanho, tamanho dos circulos dos olhos, sobrancelhas; 
6. Nariz: comprimento, largura, forma geral; 
7. Boca: tamanho, abertura, lábios, posição (entre nariz e queixo); 
8. Pescoço: comprimento, linhas, dobras da pele; 
9. Mãos (Palmas): formas, aberta e fechada, linhas, sinais e etc; 
10. Corpo: altura, tamanho do membro, postura natural.

Os Segredos dos Olhos - Sefer haZohar em Raza deRazim (Os Segredos dos Segredos).

Quanto aos segredos dos olhos, eles podem ser encontrados no segredo da letra Samech. Iniciamos como o dicernimento da cor que circunda os olhos do lado de fora, e a forma como o olho descansa em sua plenitude, e que não está imerso profundamente no seu "suporte". Tal pessoa não é enganosa, e não tem vestígios de fraudes.

Existem quatro cores nos olhos:

A) Há o exterior branco, que circunda o olho, comum a cada pessoa; 
B) Dentro dela está uma cor preta que circunda, e o preto e branco se unem; 
C) Dentro desta é uma cor esverdeada, incluído no preto; 
D) O mais íntimo é a pupila do olho, que é um ponto preto. Esta é uma pessoa que sempre está rindo e cheia de alegria. Ela tem boas intenções, mas suas intenções nunca são cumpridas, já que elas escapam de sua mente. Ela está ocupado com assuntos mundanos, mas quando ocupada com assuntos espirituais, ele terá sucesso. Portanto, ela deve ser encorajada a ocupar-se de assuntos espirituais, pois ela conseguirá exito.

Uma pessoa com suas sobrancelhas são grossas, inclinando-se para baixo, E Se na cor de seus olhos há impressões revestidas de vermelho, essas impressões são chamadas de "letras pequenas dos olhos" porque quando essas cores do olho brilham na luz, a luz faz com que as letras sejam reveladas àqueles que julgam, junto com outras pequenas impressões. Esta é a forma da letra Samech, e está incluída na carta Hei.

Os olhos verdes que são cercados de branco, com o verde misturado no branco, implicam que ela é uma pessoa misericordiosa, mas ela pensa sempre para seu próprio benefício. O mal dos outros não diz respeito a ele.

Uma pessoa com os seus olhos que são de cor preta não é visível em seus olhos, ela é gananciosa, mas não de maneira maligna. Mas se uma oportunidade surgir para que ela realize o mal, ela não se afastará disso. Ela pode ser confiável ao falar de coisas que ela conhece, mas não é confiável em coisas que ela não conhece. Ela pode manter um segredo enquanto é um segredo, até ouvir o segredo em outro lugar. Uma vez que ela ouve sobre isso, ela revela tudo e não é mais um segredo com ela, porque nada que ela faz é perfeito. A cor dos olhos cercada de branco e verde é o segredo da letra Hei quando incluída nas letras Zayin e Samech.

Uma pessoa com seus olhos que são de verde amarelado, ela tem loucura, e por causa dessa loucura, sua boca fala de forma bombástica, e ela carrega uma auto-importância sobre si mesma, e quem o ataca, a conquista. Ela não é digna dos segredos, pois, em seu coração, ela não pode ficar em silêncio sobre esses segredos, e os revela para os outros, para que, através deles, ela possa se parecer uma pessoa maior. Este é o mistério da letra Hei, que só está incluído na letra Zayin, e é removido da letra Samech. É porque ela se comporta com orgulho e que ela está muito distante da letra Samech e não consegue abordá-la. Quando ela fala, ela produz muitas rugas em sua testa.

Uma pessoa com os seus olhos brancos, cercado levemente com verde, tem uma disposição irritada, mas na maior parte, ela é de bom coração. No entanto, quando ela está cheia de raiva, ele não tem amor nela e torna-se cruel. Ela não pode ser confiada com um segredo. Isso pertence ao mistério da letra Hei, que está incluído na letra Samech.


Uma pessoa com os seus olhos que são verdes e brancos, juntamente com um pouco de cor preta neles, pode ser confiada com segredos e é bem sucedida em utilizá-los. Se ela começar com o sucesso, ela continuará a ser bem sucedida. Seus inimigos não podem prevalecer contra ela e ela controla sobre eles inteiramente, e eles são submissos a ela. Isso está sob o sinal da letra Kaf, que está incluída na letra Samech. Assim, ela governa uma vez que ela começa a dominar. Até agora estão os mistérios dos olhos, que são revelados aos sábios.

Sefer haZohar em Raza deRazim (Os Segredos dos Segredos).







domingo, 25 de março de 2018

Os Princípios Herméticos

Os princípios herméticos interpretados dentro dos conceitos Cabalísticos


O que é o Hermetismo?   


Hermetismo é um conjunto de doutrinas de cunho místico, um tipo de sistema mágico e filosófico que tem como figura principal Hermes Trismegistus (Hermes três vezes grande), essa deidade é uma junção de aspectos, um sincretismo da figura divina do deus grego Hermes e do deus egípcio Toth, ambos os deuses eram reconhecidos por suas características de transmitir um conhecimento místico à humanidade, sendo Hermes um mensageiro e Toth um escriba, além de serem deuses relacionados à inteligência, diplomacia, divinação, alquimia, astrologia, astronomia e à magia em geral.

O Hermetismo tem muito dos ensinamentos egípcios e gregos misturados, até por causa do sincretismo de suas divindades; é foco do Hermetismo a ascensão do ser humano através do estudo de seu próprio corpo, sua própria mente e do que está ao seu redor, como o estudo dos elementos e a sua importância para os humanos, dentro do hermetismo há muito o estudo do que nos rodeia, como o plano astral, o plano mental, os elementos, o micro e o macrocosmo, entre muitos outros assuntos.

Nesse post iremos falar sobre o Caibalion em específico e sobre as leis herméticas, até porque, os outros assuntos serão tratados de forma natural ao decorrer dos outros textos, quero que compreendam, acima de tudo as leis que regem o macrocosmo e o microcosmo.

"Os lábios da sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento." − O CAIBALION −



OS 7 PRINCÍPIOS HERMÉTICOS:


I - Princípio do Mentalismo

"O TODO é MENTE; o universo é mental"

Este princípio está muito ligado à ideia que eu já explanei sobre o Criador está presente em tudo e que nós também somos parte dele; aqui é explanado o modo em que o TODO (realidade substancial que se oculta em tudo o que vemos e se manifesta em nosso mundo material e imaterial, segundo o Caibalion) é espírito, incognoscível e indefinível em si mesmo, ou seja, nós não podemos ter a noção do tamanho do Criador, nem mesmo o que ele é, ele não pode ser definido, nem classificado, nem compreendido, porém o que podemos ter um tipo de certeza é que ele é uma mente vivente INFINITA e universal, TODO o nosso UNIVERSO é uma criação mental do TODO. É aqui que aplicamos aquele conceito já explanado antes: a visualização de uma mente infinita se materializa. Ou seja, nós somos um tipo de pensamento vivo do TODO. É importante ter em mente a compreensão de que se o Todo pudesse ser mensurado ou compreendido ele não seria O TODO, mas seria algo, a partir do momento que ele é algo há um limite, logo, ele não poderia ser o Criador. 

II - Princípio da Correspondência

"O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima."

Este é um princípio um pouco difícil de visualizar e compreender por aqueles que não conheceram um pouco sobre o estudo da Árvore da Vida, aqui há a quebra do maniqueísmo, do dualismo, é através desse princípio que alcançamos Kether e deixamos Daath.

"E disse Javé Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.

Gênesis 1:26"

Quando eu vos disse que nós éramos de certa forma o próprio Criador, pôde parecer confuso, mas aqui podemos ver claramente isso, nós somos a semelhança de Elohim porque nós somos, de algum modo, eles próprios distanciados de Kether, nós estamos dentro de Elohim e Elohim está dentro de nós, porque tudo que há em cima é igual ao que está embaixo, nós também temos a capacidade de criar, de dominar, de profetizar, de curar, assim como o próprio Criador.

Bem e mal não existem, ambos são a polaridade inversa da mesma moeda, sem um não existe o outro e muitas vezes o bem é o mal e o mal pode ser o bem, nada é totalmente dual. A mão do Criador que afaga é aquela que também pune; o inferno e o céu são os mesmos lugares de extremos diferentes, todos os extremos se tocam de certa forma. Quando você passa a árvore da vida, você também está situado na árvore da morte e vice versa.

Abandonemos aqui o que nos foi ensinado que o mundo pode ser branco OU preto, a pessoa pode ser BOA ou MÁ, tudo pode ser FELIZ ou TRISTE, a partir daqui, não há mais dualismo, a partir daqui enxergaremos como polaridades da mesmíssima coisa.

III - Princípio da Vibração

"Nada está parado; tudo se move;tudo vibra."

Quanto maior for a vibração, mais elevada será a posição do espírito que a vibra.

Tudo está em constante movimento, desde as coisas materiais, até as temporais, até o próprio TODO, tudo é pura vibração. As coisas mais materiais vibram vagarosamente, quase parando, mas aquilo que não o é vibra em uma intensidade muito maior.

Parem por um minuto antes de dormir, deitem-se de barriga para cima e visualizem uma bola de energia que vai do topo da sua cabeça até a ponta dos teus pés, ela vai aumentando a velocidade a cada ida e a cada volta. Você irá reparar que todo o seu corpo irá vibrar muito forte e então você lembrará desse princípio universal.

Nós como humanos podemos vibrar de diferentes maneiras, nossos pensamentos são vibrações assim como nosso próprio espírito, o ato de imaginar gera diversas vibrações que se propagam tanto no nosso ambiente, quanto no plano astral, por isso é comum quando você está em um ambiente cheio de pessoas se sentir ansioso ou quando há uma pessoa que vibra muito baixo, você se sentir sugado ou ela te passar aquela sensação ruim. Tudo a nossa volta vibra e emana, é através de nossas vibrações que evoluímos pela árvore da vida e da morte.

IV - Princípio da Polaridade

"Tudo é Duplo; tudo tem pólos; tudo tem o seu oposto;o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados."

Associemos este princípio ao princípio da correspondência, tudo é duplo, porém nada é dual, tudo tem seu bom e ruim, tudo tem seu preto e branco, as polaridades se chocam e constituem uma única coisa, o diabo é deus e deus é o diabo, não há bem sem o mal e não há mal sem o bem, aqui as forças são totalmente complementares e não aniquiladoras. É através deste princípio que vemos que tudo pode ser interpretado de dois lados, que todas as verdades não podem ser totalmente verdades porque a existência de uma verdade absoluta é quando TODOS acreditam nela e isso é praticamente impossível de ocorrer em nosso mundo físico, portanto, não existe o certo e o errado, verdade ou mentira porque tudo isso depende do referencial, o que é bom para um pode ser mau para outro e vice versa.

É como está escrito no Caibalion: "Olhai para o vosso termômetro e vede se podereis descobrir onde termina o calor e começa o frio! Não há coisa de calor absoluto ou de frio absoluto; os dois termos calor e frio indicam somente a variação de grau da mesma coisa, e que essa mesma coisa que se manifesta como calor e frio nada mais é que uma forma, variedade e ordem de Vibração."

V - Princípio de Ritmo

"Tudo tem fluxo e refluxo; tudo ,em suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação."

Em tudo se denota um movimento de ida e vinda, de alto e baixo, de queda e subida, atração e repulsão. Nota-se esse princípio sempre em nossa vida, quando estamos bem algo tende a ocorrer e ficamos mal, nada nunca está definido, fixo, o ritmo de subida e queda é constante e crucial, lembra-se do nosso último texto sobre Daath? Em que eu disse que sem a dor não havia a alegria? E que o equilíbrio se dava pela junção do lado esquerdo (rigor) da árvore da vida com o lado direito (amor)? É aqui que se situa isso, esse ritmo de ida e volta, subida descida, esse constante movimento é o próprio equilíbrio, "o ritmo é a compensação".

VI - Princípio da causa e do efeito

"Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei."

Aqui está se falando do famoso "Karma", como já discutimos todo tipo de situação que passamos há um ensinamento por trás, a Lei nada mais é do que o próprio retorno agindo em consequência de uma ação que já foi proferida. É também o ritmo de compensação, quando você empurra um objeto a sua tendência é mover-se pelo próprio princípio da Inércia "Todo corpo permanece em seu estado de repouso, ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas nele", toda ação que você causa gera um efeito no mundo físico e espiritual e esse efeito muitas vezes gera uma ação, esse movimento de ação e reação é o próprio alcance do equilíbrio universal.

VII - Princípio do Gênero

"O Gênero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos."

Aqui está a figura do Yin Yang, a figura de Biná e Kether, a figura feminina Yin e Biná e a figura masculina Yang e Kether, em tudo há o gênero, ninguém é somente homem ou mulher, ninguém é somente feminino ou masculino, nós somos o aspecto unificado dessas duas polaridades passiva e ativa que regem todo o mundo. Sem o útero não há a vida assim como não há a vida sem o sêmen, a própria Criação é o resultado dos dois gêneros se unificando e se manifestando em uma coisa só: A Criatura. 

Logo, além de afastarmos a pobre noção de que não temos nenhum polo feminino ou masculino dentro de nós mesmos, podemos compreender que o próprio Criador também tem ambos os polos, por isso, imaginar o Criador sendo um homem, é um erro, devemos imaginá-lo como algo que transcende ao sexo, algo que transcende o que é meramente humano, quando deixarmos de ver o Criador como algo humano, poderemos elevar nossa consciência para outros aspectos.

Após a explanação destes princípios universais podemos compreender a própria Criação e a própria Criatura, podemos combinar através deles o Macro e o Microcosmo, porquê as leis se aplicam à ambos. É importante compreender que o TUDO está no TODO assim como o TODO está no TUDO e não há divisão, não há dualidade, a divisão é apenas ilusão provocada por Daath, tudo é unificado, nós somos apenas UM.



Por Catarina Florentz 

quarta-feira, 21 de março de 2018

Tantra - A Sexualidade Sagrada

O tantra (última parte) 



Maithuna [Sexo] com sensibilidade e a Sexualidade Sagrada

Existe uma diferença entre Sexualidade e Genitalidade, embora esta questão seja apenas percebida por iniciadas[os]. A Genitalidade é o que podemos chamar de instinto corporal [o Ato Sexo-Coito com um fim em si mesmo] e a Sexualidade é o que podemos perceber como Energia Sexual [Sexualidade Sagrado].

O Maithuna [Ato Sexo] no Tántra.

Maithuna [ato sexual] é a percepção sensorial da mulher e do homem como sendo a mulher a "encarnação" da própria divindade. Está percepção consciente entre a mulher e o homem tántrico nos faz perceber a Sexualidade e o entrelaçamento entre os parceiros tántricos como algo Sublime, onde as partes se tornam capazes de conceder, um ao outra um estado de Graça. Maithuna se estabelece para obter a pureza [eliminação de ruídos] durante o ato sexual, nos levando à "Alquimia" da Sexualidade Sagrada. As técnicas de Maithuna pertencem a Tradição Ancestral secreta Gupta Viyá [ciência secreta], é para o despertar da Kundaliní [a serpente que se eleva] e a eclosão do Samádhi [auto-conhecimento].

Os níveis de Maithuna [Ato Sexo] no Tántra.

[1] relação sexual mental - isso ocorre quando uma pessoa deseja a outra e visualiza um ato sexual de amor com ela, e começa a desencadear as forças do tántra. Assim, tudo que foi produzido em um plano objetivo, é como uma cristalização [materialização] do que foi inicialmente plasmado em um plano subjetivo. Assim que uma das partes "mentalize" ou energize uma aproximação com a outra, esta intenção se tornará uma realidade. Mesmo que essa prática [energética] contribua para a realização do que foi visualizado, jamais poderá ser realizada sem a livre vontade das partes [permissão].

Se a "energização" encontrar um campo de reciprocidade favorável ou inclusive neutro, será realizada. No entanto, quando a outra pessoa não quer, as leis naturais impedem que a liberdade da pessoa seja violada.

[2] relação sexual do olhar - O olhar tem um poder extraordinário para estabelecer laços profundos entre pessoas, gerar amor e desencadear excitação amorosa e estabelecer vínculos definitivos entre duas pessoas.

[3] relação sexual da direção das palavras - Falar com alguém, olhar ou toca-la [lo] poderá manifestar modulações das mais variadas, que vão desde uma contado assexuado até deflagrar a chama do Maithuna ou poderá inibir e desconectar qualquer estimulo. Escolher bem o tom de voz e as palavras é fundamental.

[4] relação sexual pelo toque - O toque poderá ser estimulante ou desestimulante. Pode se carinhoso ou generoso. Pode ser, simplesmente, um toque neutro. Quase sempre nos tocamos de maneira inadequada, um toque pode transformar as energias e impactar a pessoa de maneira positiva ou negativa. No entanto, o toque é uma Arte que devemos desenvolver cuidadosamente e estar atento aos pontos sensíveis da 
pessoa.

[5] relação sexual pelo beijo - O Beijar [tántrico] é fazer amor. Tocar com os lábios suavemente os lábios de uma parceira[o] no tántra, permite que as texturas, temperaturas e aromas seja compartilhados e desfrutados. Constitui uma oferenda e proporciona privilégios. A saliva é considera como sendo 
semelhante a um orgasmo. O mesmo "condimento" que excita a boca, excita a sexualidade.

[6] relação sexual da caricia corporal - Cada pessoa sente mais prazer em determinadas áreas do corpo e com diferentes formas de caricias. Saber dessas áreas é  fundamental para uma relação sexual integrativa e profunda.

[7] relação sexual da penetração - Em um contato sexual tántrico a penetração acontece quando chega o momento apropriado. Como no tántra o objetivo principal não é a ejaculação pela via do domínio e possessão do homem [patriarcal, anti-sensorial e repressor] sobre a mulher, a ejaculação poderá simplesmente não ocorrer durante um ato sexual, o orgasmo [duas coisas diferentes] sim. No Tántra o Orgasmo é considerado como o momento da manifestação ou co-criação da Energia Sexual, energia esta que tem a capacidade criativa e poderá ser direcionada para impulsionar os propósitos de realizações da vida pessoal ou coletiva dos companheiros tántricos.

A Sexualidade Sagrada [Tántra] poderá ser iniciada ou finalizada desde qualquer um desses 7 níveis ou seguir por todos os níveis. Acontece de a Energia Sexual necessária ser manifestada desde qualquer um desses níveis e ser concluído como um ato Sexual Sagrado.

[fim]. 





Os caminhos do Ocultismo

Os caminhos a trilhar no Ocultismo são muitos, mas iremos começar com o que eu chamo de divisores do fluxo do rio.  "O que está e...