segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Demonologia II

Demonologia 

Parte 2. 


O que não fazer. 

"Digo-lhe novamente, não evoque ninguém que não possa mandar de volta; quero dizer ninguém que por sua vez chame algo contra o senhor e contra o qual seus recursos mais poderosos não possam ter eficácia alguma. Busque os menores, para que os maiores não desejem responder e tenham mais poder do que o senhor" - O Caso de Charles Dexter Ward - H. P. Lovecraft

Como podem ver, nosso querido Lovecraft nos dá a primeira regra em um de seus mais aclamados contos... Claro que "O Caso de Charles Dexter Ward" é só um conto muito bem escrito cheio de rituais e palavras mágicas, conto esse que indico muito a vocês para lerem. Mas a frase acima embora tenha sua conotação de verdade, tem sua parcela de mentira também quanto a prevenção sobre chamar "Os menores" por ser menos perigos. 

Na verdade o que o praticante deve ter em mente desde o início é que NEM SEMPRE É COMO NOS LIVROS. 

Evocar um demônio "menor" com a esperança dele ser mais dócil com o evocador é de uma ingenuidade genuína, posto que independente da classe, posto, cargo ou outra coisa que esse demônio seja ele ainda é um demônio, um ser muito mais antigo que você. 
Vamos pegar a Goetia como exemplo, esse tão "profano" e controverso sistema de evocação... nele, assim como em muitos outros grimórios, existe uma certa hierarquia obedecida entre os demônios, alguns são duques, outros príncipes, reis. Essa linha de lógica, essa hierarquia foi criada por um (ou mais) demonologista astuto com grandes conhecimentos que queria um sistema de mapeamento hierárquico para classificar os demônios de suas operações, em outras palavras esse sistema é somente mais um sistema, só mais uma visão dos demônios, que embora seja adotada por muitos até hoje, não deixa de ser só uma visão. Uma forma de se comunicar com essas forças.  

Trocando em miúdos ainda menores, você corre perigo igual evocando um demônio menor ou um maior. 

Um outro ponto que deve ser observado é a diferença entre invocação e evocação, é bom não confundir ou alguém vai entrar de jeito em você, e é melhor gostar, caso contrário, vai doer ainda mais. 

Invocação: trazer algo para dentro de si. 
Evocação: trazer algo para sua presença. 

Na teoria quando fazemos uma invocação demoníaca (ou qualquer outra) estamos tentando absorver a energia e as características do ser invocado, logo alguém que invoca Asmodeus por exemplo, deve atrair oportunidades para transas, amantes e toda a luxúria que este espírito carrega, sua libido aumentará consideravelmente e possivelmente você pode se tornar um pouco mais violento. 

Na evocação você traz um demônio para que ele faça seu trabalho sujo, continuando com o exemplo de Asmodeus, o magista pode direcionar tal demônio para um casal do qual é desafeto para que eles briguem, se traiam e se separem... Mas isso é a teoria, na prática os efeitos colaterais são os mesmos, o evocador/invocador aos poucos vai ganhando as características do demônio que in/evocou, é como um namoro, quanto mais tempo se relacionando com aquilo você vai ganhando traços e trejeitos. Por isso é bom manter o contato apenas até o fim do trabalho, nem um minuto além disso. 

Depois do trabalho terminado você deve fazer um banimento, de preferencia na mesma linha de pensamento da que usou para in/evoca-lo. 

A Manifestação:

São inúmeras as formas e meios em que se manifestam, e acredite, eles aparecem mesmo que você não peça; pesadelos, sombras, sussurros, coisas quebrando, cores específicas que aparecem com constância, personagens na TV com semelhança gritante ao demônio... São inúmeras. Quando evoquei Focalor uma vez, diariamente eu via um gato morto, não que tivesse algo escrito sobre isso na descrição do demônio, me parece que Focalor não gosta muito de gatos (rsrs). 

Não se engane, manifestação não é sinal de eficácia, só significa que você conseguiu contato. Muitos praticantes são enganados no início por ficarem fascinados pelos sinais. " E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens.
E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse... " -Apocalipse 13:13, 14- 

É importante impor sua vontade sem medo, o medo, muito embora seja útil na hora do ritual de evocação para criar um clima emocional propício, não é muito útil depois do ritual, obviamente que o demônio se alimenta de emoções, o medo é uma delas, o praticante deve tomar cuidado para que com isso não seja obsediado pelo demônio. 

Sobre Alimentação:

Demônios, Deuses, Espíritos extra planares, todos possuem uma coisa em comum, são na teoria infinitamente mais poderosos que você. Então por que um ser dessa magnitude precisa de alimento concedido por um energúmeno para poder fazer um trabalho pra esse mesmo energúmeno?  (você é  o energúmeno, caso não tenha percebido) a resposta é simples, mágica. Uma teoria boa seria a de que aquela energia (demônio) que corresponde a você (evocador) é que será torturada, como se apenas em entrar em contato com você ele esteja limitando a sua forma existencial podendo assim ser preso e torturado, mas isso se dá apenas no mundo mental/astral do mago, logo se você torturar "seu" Belial não influenciará no Belial do amiguinho. 

Vamos as recomendações. 

  • Nunca evoque um demônio em um momento de insegurança ou fraqueza, eles se alimentarão disso e você não terá poder para manda-lo embora. 

  • Nunca evoque um demônio que você tenha queimado o selo em sinal de expulsão ou exorcismo, eles são bem rancorosos. 

  • Nunca evoque um demônio antes de estudar o mesmo o máximo possível. 

  • Nunca ofereça o que não puder dar ou prometa o que não puder cumprir. 

  • Não foque nos sinais do espírito e sim nos resultados. 

  • Nunca ameace o espírito se não estiver disposto a cumprir com a ameaça. Se prometeu destruir o selo dele se ele não acatasse a ordem então destrua se ele não acatar. 

  • Nunca, jamais faça um trabalho mágico se estiver em dúvida do que quer. 

  • E o mais importante, nunca, sob nenhuma circunstância faça a piada do pavê quando alguém trouxer um pavê para a mesa. 

Continuação: Demonologia III 


O resto vocês aprendem por experiência própria... 

No próximo texto teremos o Modus Operandi, a prática. 

Me visite no instagram: Leon_Blackwood.


Por Leon Blackwood 

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